O paradoxo do olhar – Blog do Juan Esteves, 15 de abril de 2015

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O paradoxo do olhar > Claudio Edinger

Autor de 15 fotolivros e um romance, o carioca Claudio Edinger lança mais uma edição de grande porte, O Paradoxo do olhar (Editoras Madalena e Terceiro Nome, 2015), uma compilação de  104 imagens no formato 28X38 cm,  das quais 34 delas estarão expostas em São Paulo, no Museu Brasileiro da Escultura, MUBE, em formatos de 160X200 cm, de 15 de abril até 3 maio de deste ano, seguindo para a Galeria Pinakotheque no Rio de Janeiro e para o Instituto Figueiredo Ferraz em Ribeirão Preto, SP, entre outros lugares.

O livro aborda a eclética produção de Edinger a partir de 2000, uma intensa e prolongada pesquisa com o foco seletivo. O gênero, celebrado por importantes fotógrafos, consiste basicamente em excluir o foco de determinados pontos da  imagem. Neste caso, isso é feito através do movimento basculante do fole de sua câmera de grande formato (4X5 polegadas) uma tarefa que exige habilidade e técnica do autor.

O “paradoxo” vem deste momento em que o autor, por questões conceituais e estéticas define o que será focado ou não em suas fotografias. É através desta proposta que ele conduz o leitor para o que é importante em sua composição. Esta “importância”, segundo ele, é quando o objetivo da arte não é mostrar as aparências das coisas e sim o seu significado intrínseco, uma visão “aristotélica” assimilada ainda na juventude.

As imagens foram captadas em Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Amazônia, Santa Catarina, Paris, Veneza e Los Angeles e algumas fazem parte de livros anteriores como Rio ( DBA, 2003), São Paulo (DBA, 2009) e Sertão da Bahia de Bom Jesus a Milagres (BEI 2012) e mostram que essa “contradição” entre o que é visivel e o que não é, existe somente no plano ontológico, uma vez que seu conteúdo nos parece absolutamente coerente.

Claudio Edinger declara que sua busca é pelo autoconhecimento e a possibilidade de se expressar através da fotografia, ou melhor, revelar seus significados. Para ele, isso acontece na possibilidade da intimidade, onde está a essência da fotografia que faz a conexão entre  a vida real e o conhecimento adquirido. Esteticamente, é o paradoxo entre olhar (foco) e não olhar (desfoque).

As contradições entre forças opostas na antinomia são características essenciais do mundo contemporâneo. A natureza fundamental da fotografia em si é paradoxal (real e irreal) tanto quanto as ironias são inerentes à condição humana quando pensamos nessa “semiótica” cultural. Edinger  habilmente nos oferece uma oportunidade para novas interpretações de uma arte em constante transformação.

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