“O lendário duelo entre a Siriema e a Cascavel”
Com este livro da Editora Terceiro Nome, o professor e crítico de arte paulista, Rodrigo Naves estreia na literatura infantil. Ele narra a batalha entre a siriema mãe e a cascavel que encontra um filhotinho do pássaro e pensa que teria uma bela refeição. Mas não contava que a siriema defenderia sua cria com toda coragem e força, promovendo uma memorável e poética batalha pela sobrevivência.
O autor começa a sua história, descrevendo em versos vários animais do cerrado:
“São tantos os bichos elegantes que seria trabalhoso mencioná-los todos aqui”.
Ele escolhe, então, alguns deles para destacar suas características, como os cavalos, cisnes, focas e tucanos até chegar aos personagens principais, a siriema e a cascavel.
“Quem já viu uma siriema caminhar / sabe do que falamos.
Com suas pernas finas, ela parece desfilar numa passarela.
A cada passo dá uma paradinha, / quase uma interrogação.
E em seguida continua sua marcha / pé ante pé, cuidadosa, cheia de atenção.
E segue seu caminho em busca de alimento.
Tudo é longo e delicado nessas antigas aves, / parentes dos dinossauros.
E suas pernas marrons, longas e macias, / camuflam-as com perfeição.”
E o que dizer da cascavel, que segundo o autor, “tornou-se símbolo de coragem e ousadia”:
“Embora desperte um medo instintivo, / a cascavel tem também seus encantos.
Enrodilhada, pronta para dar o bote, / faz vibrar o guiso que tem na cauda.
E ainda que não tenha pernas,
Desloca-se velozmente entre mato e espinhos,
Como se radares poderosos guiassem seus movimentos.
Por muitos e muitos anos o guiso da cascavel
Foi levado nos bolsos de homens valentes,
Para que não fraquejassem nas horas decisivas”.
Um dia, siriema e cascavel se encontram. O pássaro caiu do ninho e estava quieto debaixo de uma árvore, por isso despertou no réptil faminto a certeza de que seu almoço estava servido. Nada disso.
“A mãe siriema chegou no exato momento / em que a cobra preparava o bote
E com um forte bater de asas avisou
Que havia mais alguém envolvido na situação.
A cascavel virou-se para ela. /E teve início um dos duelos mais lembrados
pela bicharada da região”.
Quem venceu o duelo? Isso eu não posso contar. Mas posso lembrar que
“Desse dia em diante não houve na mata / mais nenhum bicho assustador.
Pequeno ou grande, venenoso ou não,
Todos passaram a ser vistos de outro modo.
Bicho não vive de brisa. /Precisa de comida, de substância.
Do que não se sabia era que bicho / também não é apenas papo e digestão”.
E a história não termina aqui. As ilustrações que dão vida a esse embate são de Luísa Amoroso.
Leia aqui a resenha publicada originalmente no blog Conta uma História
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